Método inovador desenvolvido no ITP para a recuperação da lactose do leite recebe prêmio durante Congresso Nacional de Adsorção

06/06/2016

O trabalho apresentado pela bolsista de Pós-doutorado do PNPD/Capes, Acenini Lima Balieiro e pelo aluno de doutorado em Engenharia de Processos da Unit, Gilderlan Rodrigues, orientados pelos pesquisadores do Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP), os Professores Doutores Álvaro Silva Lima, Cleide Mara Faria Soares e Odelsia Leonor Sánchez de Alsina, ficou em 2º lugar no 11º Encontro Brasileiro sobre Adsorção (EBA), realizado em Aracaju no final do mês de abril. O tema apresentado foi “Estudo da remoção da lactose do leite em um sistema de leito fixo e batelada” e se destacou entre os cerca de 180 trabalhos inscritos, inclusive oriundos de outros países, como Venezuela e Colômbia.

O estudo mostrou que é possível retirar a lactose sem alterar as características do leite, mesmo as mais simples, como as sensoriais (cor e gosto) utilizando uma técnica inovadora, processo que foi desenvolvido pelos pesquisadores do ITP e, que ainda não existe no mercado. Os alimentos comercializados atualmente para quem é intolerante à lactose têm aspectos diferentes: são adocicados e possuem cor mais escura, embora a consistência seja mais rala, modificações resultantes do processo enzimático utilizado para a retirada do carboidrato, como explicou Gilderlan Rodrigues.

As pesquisas começaram em 2011, quando Acenini Balieiro iniciou o doutorado em Engenharia de Processos, programa de Pós-Graduação da Universidade Tiradentes (UNIT), que tinha como meta a obtenção de leite com baixo teor de lactose utilizando a nova tecnologia. A pesquisa teve como base os problemas enfrentados por quem é intolerante à lactose – inclusive ela mesma - e ao ingerir leite ou os derivados deste alimento desenvolve eventos desagradáveis, como náusea, vômito, diarreia, distensão abdominal e enxaquecas.

“Normalmente as pessoas possuem a enzima lactase, responsável por hidrolisar a lactose, transformando-a em glicose e galactose para serem absorvidas pelo organismo. Já quem é intolerante não possui essa enzima e a lactose é absorvida integralmente. Quando ela chega ao cólon as bactérias presentes no intestino a utilizam como nutrientes e liberam ácidos graxos, gás carbônico e água, causando os efeitos colaterais já relatados”, comentou Acenini Balieiro.

Os autores informaram ainda que a pesquisa tem dois aspectos que lhes confere grande potencial mercadológico: a recuperação da lactose usando um processo de baixo custo que pode ser reutilizado algumas vezes e, também, o leite não precisa ser muito processado para a retirada da substância. Acenini Balieiro deu o pontapé inicial, e a continuidade dos estudos, agora, fica a cargo de Gilderlan, pois a tese de doutorado dele consiste na recuperação da lactose.

Embora eles não possam falar mais detalhes sobre a nova fase dos estudos, pois está em fase de proteção patentária, comentaram que atualmente a lactose já é utilizada para o desenvolvimento de medicamentos como carreadores de compostos em comprimidos; na indústria cosmética; de alimentos para sobremesas lácteas como sorvetes e molhos; e na indústria da panificação, pois a lactose, ao atingir determinada temperatura confere a cor amarronzada aos alimentos, como a dos pães e bolos.

Além do prêmio no Encontro Nacional sobre Adsorção, a obtenção de leite com baixo teor de lactose baseando-se na pesquisa desenvolvida no ITP já vem sendo destaque em congressos e publicações nacionais e internacionais, como a feita no Brazilian Journal of Chemical Engineering. “Além desses frutos, outro aspecto muito positivo é a formação de novos pesquisadores, pois geralmente os trabalhos abrem espaço para que alunos da graduação, que fazem iniciação científica, também participem e desenvolvam o gosto pela ciência, pesquisa e inovação”, declararam.

“A proposta deste tema baseou-se em uma demanda de um dos nossos parceiros da Bacia Leiteira de Sergipe, em um outro projeto apoiado pela FINEP/SEBRAE para o desenvolvimento de produtos lácteos funcionais e probióticos com baixo teor de colesterol, projeto que fora finalizado há alguns anos pela equipe”, declarou a Profa. Dra. Cleide Soares, indicando, assim, o potencial de parceria existente entre empresa e academia.

 



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