O Banco do Nordeste financiará seis projetos de pesquisa aprovados no Aviso ETENE/FUNDECI 01/2015, voltado à difusão de novas tecnologias de convivência e mitigação dos impactos das mudanças climáticas da região. Entre os projetos aprovados, dois são de Sergipe, ambos serão desenvolvidos no Instituto de Tecnologia e Pesquisa – ITP – por meio de uma parceria com o Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Industrial – PBI – da Universidade Tiradentes e Embrapa. Os dois projetos captam recursos da ordem de R$ 690 mil, que serão investidos em ciência para geração de conhecimento e novas tecnologias. Além dos pesquisadores, os alunos de mestrado, doutorado e da graduação farão parte das equipes de pesquisa.
Com previsão de 36 meses de execução, o projeto de desenvolvimento de nanobioinseticida preparado a partir de componentes da laranja, com aplicação no controle de insetos na agricultura, será coordenado pelos professores Patrícia Severino e Marcelo da Costa Mendonça. A pesquisa é parte do projeto de doutorado do aluno do PBI Jônatas Silva. O objetivo é produzir bioinseticida a partir de componentes da laranja como princípio ativo, avaliando as propriedades inseticidas, repelentes e larvicidas. “Espera-se que o emprego dessas substâncias na forma de nanossistema lipídico favoreça a dispersão no ambiente, melhorando sua atividade biológica contra os insetos. Sem contar que não afetará a saúde dos trabalhadores se comparada com os inseticidas convencionais”, explica Patrícia, doutora em Engenharia Química, professora do PBI e pesquisadora do ITP.
De acordo com o professor Marcelo da Costa Mendonça, doutor em Biotecnologia, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Industrial da Unit e pesquisador do ITP, a citricultura tem grande potencial em Sergipe, porém, o pequeno produtor enfrenta grandes desafios relacionados à crise econômica desse setor agravada pelos problemas de pragas e doenças que reduzem a produtividade dos pomares. “Os problemas fitossanitários da citricultura não afetam somente a qualidade da fruta, mas a produção como um todo. O preço pago pela laranja passa a ser menor e prejudica as vendas”, avalia.
Em busca de métodos sem a utilização de agrotóxicos para o controle dessas pragas da agricultura, a equipe de pesquisa propôs desenvolver um inseticida a partir de componentes do próprio citros. Para o doutorando do PBI Jônatas Silva, o financiamento do BNB permitirá a aquisição de equipamentos e reagentes, proporcionando também interatividade com outras instituições vinculadas às investigações acadêmicas. “A execução da pesquisa ajudará, ainda, no desenvolvimento regional e incremento de nova tecnologia com base em nanotecnologia e produtos naturais do campo para a indústria”, pondera.
O BNB financiará o projeto no valor de R$312 mil. Durante os três anos de duração da pesquisa, haverá o envolvimento de parceiros, como a professora doutora Rogéria de Souza Nunes, que auxiliará empregando a estrutura do seu laboratório na Universidade Federal de Sergipe. Já a professora doutora Juliana Cordeiro Cardoso, da Unit, auxiliará na produção e caracterização dos nanossistemas lipídicos, empregando a estrutura do laboratório que coordena no ITP. O projeto multidisciplinar envolve áreas distintas da ciência, como a Agronomia, Biotecnologia, Engenharia e tecnologia farmacêutica; e possui grande valor científico por incentivar a produção acadêmica e incremento da competitividade tecnológica do estado pelo desenvolvimento de processos inovadores.
POTENCIAL BIOTECNOLÓGICO DE MICRORGANISMOS DE MANGUEZAL
O projeto intitulado “Prospecção de microrganismos do manguezal para remediação de áreas contaminadas por hidrocarbonetos e agrotóxicos orgânicos” também foi contemplado no edital do BNB, fruto da parceria entre o Instituto de Tecnologia e Pesquisa – ITP – e o Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Industrial – PBI – da Universidade Tiradentes. Com duração de 48 meses, a pesquisa orçada em R$382.600 envolve o isolamento e prospecção de microrganismos com potencial biotecnológico localizados em manguezais da região de Sergipe para degradação de hidrocarbonetos e agrotóxicos orgânicos de áreas contaminadas.
O projeto é coordenado pelos professores Maria Lucila Hernández Macedo e Jorge López, pesquisadores do ITP e docentes do PBI da Unit. Segundo Lucila, doutora em Biologia Celular e Estrutural, procurar microrganismos com genes de interesse industrial para obtenção de enzimas faz parte de um mercado promissor já que o Brasil importa essas enzimas de países com mercado consolidado. “Com amostras do manguezal, isolaremos microrganismos envolvidos na degradação de agrotóxicos orgânicos e hidrocarbonetos – um problema de impacto ambiental principalmente dos solos –, já que Sergipe possui uma importância agrícola e de exploração de petróleo”, explica a professora Lucila Macedo.
Nesse projeto, o grupo de pesquisadores busca aliar tanto o tratamento microbiológico quanto o tratamento eletroquímico para o processo de remediação, associando os mecanismos genéticos ativados na presença dos contaminantes. “Dentro da célula microbiana há genes responsáveis pela produção de enzimas que são ativados na presença dos contaminantes. Com desdobramento do projeto, isolaremos os genes para avaliar o potencial de remediação”, acrescenta a professora Lucila. A pesquisa ainda testará os microrganismos em águas contaminadas de cidades sergipanas. Entre os pesquisadores envolvidos no projeto estão os professores Giancarlo Salazar Banda e Katlin Eguiluz Barrios, responsáveis pela síntese dos eletrodos para as análises eletroquímicas. (Texto produzido pela Asscom da Unit para a revista O Professor, edição do mês de setembro de 2016)
